Os amantes do café estão dando as costas à Starbucks — e não há uma solução fácil para a gigante do café restaurar o amor perdido.
De acordo com um relatório publicado na sexta-feira pelo Wall Street Journalos clientes estão cansados dos custos crescentes, dos longos tempos de espera e do que alguns veem como más posições políticas da empresa.
O ataque custou à Starbucks uma queda de 6% nos pedidos nos EUA no trimestre encerrado em 30 de junho.
Para Dan Palmer, o preço exorbitante não compensa mais seu refresco diário de manga e pitaia.
“Os preços subiram — muito”, disse o morador suburbano de Chicago de 66 anos ao WSJ, ressaltando que cada copo custa mais de US$ 6.
“Não é um acordo em nenhum sentido da palavra.”
Palmer não é o único que conscientemente parou de comer fora diante da iminente recessão — quase 40% dos consumidores relataram gastar menos em comida para viagem, de acordo com uma pesquisa da Revenue Management Solutions.
Muitos outros estão se voltando para uma concorrência mais barata.
Brad Pearl, de Spokane, Washington, era um cliente dedicado do Starbucks até que os altos preços e as longas esperas se tornaram demais. Agora ele frequenta uma cafeteria local com opções mais baratas, economizando cerca de US$ 150 por mês.
“É realmente um luxo”, disse Pearl sobre o custo.
Aqueles que estavam dispostos a desembolsar dinheiro foram desencorajados por outro incômodo: longos tempos de espera, apesar dos pedidos feitos pelo celular.
Em 2024, mais de 30% dos clientes relataram esperar até 15 minutos pelo pedido, com alguns até mesmo esperando por até meia hora, mostra uma pesquisa da Technomic Ignite Consumer.
Até o ex-CEO da Starbucks, Howard Schultz, admitiu que houve uma falha no sistema de pedidos móveis, que filtra 30% dos negócios.
“Todo mundo aparece e, de repente, temos um mosh pit, e isso não é Starbucks”, disse Schultz no podcast “Acquired” em junho.
A Starbucks tentou atrair antigos clientes de volta à rede por meio de uma enxurrada de ofertas de descontos e promoções, além de reestruturar o fluxo de trabalho para uma produção mais rápida, mas a empresa tem pouca margem de manobra para a tempestade cultural em que se encontra repetidamente.
Tanto a esquerda quanto a direita ideológicas têm voltado seus olhos para a gigante do café ao longo dos anos, com cada lado do espectro pedindo boicotes em todo o país.
A rede já foi criticada por não fazer referência explícita ao Natal em seus copos vermelhos de Natal, uma atitude que políticos como Donald Trump alegaram ser anticristã, enquanto líderes de esquerda acusaram a Starbucks de apoiar financeiramente Israel — o que Schulz disse categoricamente que não era verdade.
Mais recentemente, a Starbucks recebeu críticas por supostamente reprimir as tentativas de sindicalização dos funcionários.
Apesar dos desafios, a Starbucks ainda é uma empresa de alto desempenho nos EUA e tem visto crescimento de mercado desde seu decepcionante relatório trimestral.
Desde junho, as ações da Starbucks subiram quase 17%.