Um casal que queria dar ao seu bebê o nome de um antigo rei teve o nome rejeitado por um tribunal brasileiro por medo de que seu filho sofresse bullying.
Catarina e Danillo Prímola, da cidade de Belo Horizonte, queriam dar ao filho recém-nascido o nome de Piyé, em homenagem ao primeiro faraó negro egípcio, que lançou as bases da 25ª dinastia.
Entretanto, o Tribunal de Justiça do estado de Minas Gerais inicialmente se posicionou a favor de um cartório e rejeitou o nome, afirmando que este não pode “registrar prenomes que possam expor seus portadores ao ridículo”.
Na decisão, o tribunal observou que o nome era muito semelhante à palavra “plié” — um tipo de passo de balé.
Piyé é escrito de forma diferente em português, sendo lido ‘Piié’ no papel.
“Por isso, a sonoridade e a grafia do nome foram preponderantes para a rejeição”, afirmou o Tribunal de Justiça de Minas Gerais, conforme a Correio diário.
“Eles seriam capazes de causar constrangimento futuro à criança.”
O casal escolheu o nome para o primeiro filho, que nasceu em agosto, depois de ouvi-lo enquanto coreografavam uma dança para o Carnaval de 2023 no Rio de Janeiro.
“Fomos pesquisar como era e encontramos a história de Piiê, que foi um guerreiro núbio que lutou e conquistou o Egito e se tornou o primeiro faraó negro”, disse Prímola, segundo o Daily Mail.
“Recuperar nomes africanos é uma maneira poderosa de dar uma nova narrativa à história dos negros.”
“Temos o direito de educar nossos filhos com essa força, essa cultura e de uma forma que eles tenham representação em seu nome.”
O casal compareceu ao tribunal para explicar o significado do nome, antes que o juiz finalmente revertesse a decisão.
Prímola disse que o bullying “não pode ser combatido proibindo-o, nem pode ser combatido pela opressão”.
“O bullying pode ser combatido estudando e trabalhando a ignorância da sociedade como um todo.”
Embora o bebê tenha permissão para ser chamado de Piyé em sua certidão de nascimento, o processo legal teve um custo: atrasou o recebimento das vacinas necessárias e a realização de uma triagem para detectar condições raras de saúde.